Mas a
felicidade é também o nosso sonho mais difícil de realizar. Dádiva dos deuses?
Uma capacidade inata que apenas meia dúzia de eleitos possui? Ou mera reação a
condições de vida privilegiadas?
Até
há bem pouco tempo as reflexões sobre esta temática não eram consensuais quanto
à verdadeira natureza da felicidade, mas agora uma nova abordagem - baseada em
descobertas recentes realizadas por cientistas, médicos, fisiologistas,
psicólogos e especialistas em comportamento - vem abrir novos horizontes e
revela-nos que, afinal, é possível pesquisar, em termos científicos, a questão
da felicidade.
Atualmente,
temos até fórmulas que nos ensina a ser felizes. Veja, a seguir algumas dessas
fórmulas.
Vale
a pena conferir!
1ª Fórmula que selecionamos¹
O +
|
(N x S)
|
+ Com/T
|
+
He
|
O é o valor de estar ao ar livre.
|
N é natureza.
S é interação social
|
Com é memórias da infância.
T é temperatura
|
He é alegria
de estar em férias.
|
O psicólogo britânico Arnall Cliff chegou a conclusão que a
felicidade é mensurada através de uma equação simples, como a mencionada acima.
Essa formula tem
alguns fatores limitantes a felicidade constante. Afinal não estamos de férias
todos os dias, portanto crie você mesmo a sua formula, tentando sempre buscar
alegria todos os dias, independente das situações. Uma dica interessante do Dr
Arnall é abusar das coisas simples como, estar ao ar livre, natureza, memórias
de infância para alcançar esse tão desejado estado.
2ª Fórmula que selecionamos²
F = G + C + A
Sendo F = Felicidade, G = Genética
(50%), C = Condições como idade, sexo, estado civil e moradia (10%), A
= Atividades como se exercitar, fazer um curso ou viajar (40%).
Já não é de hoje
que buscamos a fórmula da felicidade. Todos querem saber como se faz para ser
feliz. Como não poderia deixar de ser, pesquisadores da psicologia positiva
como Martin Seligman (2002) e Sonja Lyubomirsky (2008), dentre outros,
resolveram participar desta busca e propuseram uma fórmula. Eles concluíram que
fatores como genética, circunstâncias da vida e atividades
intencionais influenciam diretamente na nossa
felicidade. Compreender e adequar nosso cotidiano a essa fórmula nos permitirá
uma felicidade mais constante e que poderá ser aumentada gradativamente.
Genética
A primeira parte desta equação se refere às
limitações que nossa genética impõe a felicidade. Ela é responsável por cerca
de 50% desta. A fórmula indica que temos uma faixa fixa e amplamente herdada da
qual nunca vamos fugir (lyubomirsky, 2008).
Embora possa parecer ruim, isso nos
protege nos priores momentos, pois sempre vamos voltar a nosso nível usual de
felicidade. É uma espécie de molde genético. Quanto mais conhecermos esse
molde, mais poderemos tirar proveito dele nos mantendo no nível mais alto de
felicidade.
Circunstâncias de Vida
A
segunda parte da equação se refere às circunstâncias de vida. São
elementos externos como dinheiro, casamento, vida social, emoção negativa,
idade, saúde, religião, educação, clima, grupo étnico e gênero. Embora alguns
destes elementos possam mudar a vida para melhor, a má notícia é que costuma
ser impraticável ou custar caro realizar estas mudanças.
No
que diz respeito a dinheiro, Seligman afirma que
“o poder geral de compra do país e a satisfação média com a vida caminham
decididamente na mesma direção”. Entretanto, essa correlação desaparece a
partir de certo valor. As diferenças de país para país são mais difícil de
estabelecer, pois é necessário observar as outras circunstâncias citadas
anteriormente.
No
item casamento, existe uma
contribuição expressiva quando ele está associado a uma relação que é fonte de
prazer e não apenas uma obrigação social. Cabe observar que os valores
referentes ao casamento variam entre as diversas culturas. No contexto da vida social tudo
indica que pessoas mais felizes passam menos tempo sozinhas e tem uma
convivência social maior. O que não dá para afirmar é se as pessoas convivem
mais porque são felizes ou se é a felicidade que gera uma maior convivência.
Embora
exista uma crença popular que o sofrimento impede a alegria, as pesquisas não
confirmaram isso. Elas apontaram apenas uma correlação moderada entre emoções negativas e
positivas. Uma dose grande de sofrimento diminui a alegria, mas não nos impede
o acesso à felicidade. O contrário também é verdadeiro, a felicidade não
garante que nunca teremos momentos tristes. Outro dado interessante é que as
mulheres experimentam mais emoções negativas e positivas que os homens, com
mais frequência e intensidade.
No
elemento idade, a idéia de que o jovem
é mais feliz não se mostrou verídica. O mesmo aconteceu com o estigma do velho
ranzinza que reclama de tudo. O que muda com a idade é a intensidade das
emoções. Os extremos vão ficando cada vez mais raros.
A saúde se
mostrou um elemento subjetivo. A percepção e a capacidade de adaptação a uma
adversidade variam de pessoas para pessoa, e isso vai interferir diretamente em
nossa felicidade. Uma doença moderada não acarreta obrigatoriamente
infelicidade, mas uma doença grave sim.
A religião é
acusada de gerar culpa, repressão da sexualidade, intolerância, e
autoritarismo. Entretanto, as pesquisas indicam que os indivíduos religiosos
são um tanto mais felizes e satisfeitos que os não religiosos. Para Seligman
(2002), a razão disso é que elas infundem esperança no futuro e dão significado
a vida. Uma pesquisa com onze importantes religiões mostrou que quanto mais
fundamentalista a religião, mais otimista são seus fiéis.
Educação, clima, grupo étnico e gênero não apresentaram muita importância na
contribuição para felicidade. As circunstâncias externas nos favorecessem, mas
também elas responderiam por apenas 8 a 15% de nossa felicidade.
Atividades Intencionais
Por
último, e mais importante, estão às atividades voluntárias, aquelas que
dependem de nossa ação e que representam 40% da felicidade. Elas podem criar
uma mudança sustentável e gerar algo mais que prazer passageiro.
Segundo
Seligman (2002), o primeiro passo é entender que nossas emoções positivas estão
ligadas ao passado, ao futuro ou ao presente. Ao conhecer o modo como sentimos
(passado), pensamos (futuro) e vivemos (presente), podemos redefinir nossas
emoções direcionando-as de maneira mais positiva.
Passado
As
emoções relativas ao passado vão de contentamento, serenidade, orgulho e
satisfação a uma amargura irremediável ou uma raiva vingativa. Estas emoções
são fortemente determinadas pelas ideias que temos do passado. O ponto central
é que quanto mais eu acreditar que o passado determina o futuro, maior será a
tendência de deixar as emoções de lado e de viver a deriva. Eis ai a razão da
inércia de muita gente. Para Seligman, “...eventos negativos na infância não
levam necessariamente a problemas na idade adulta... Os efeitos do passado
foram superestimados”. As pesquisas apontaram que a genética tem um efeito
muito maior sobre nossa felicidade que as experiências do passado.
No
geral, em relação ao passado, apreciamos muito pouco os acontecimentos
positivos e damos uma ênfase excessiva aos negativos. Existem duas maneiras de
mudarmos isso, segundo Seligman (2002). A primeira atividade intencional que
pode gerar emoção positiva é a gratidão, pois ela
aumenta a apreciação dos eventos positivos vividos. A segunda é através do perdão, já que este diminui o poder que os
acontecimentos negativos têm de instilar amargura e permite reescrever a
história, transformando más lembranças em boas.
No
que diz respeito à gratidão, Seligman propõe dois exercícios. Um deles é
escrever uma carta, que deve ser lida pessoalmente, para alguém importante de
seu passado e que não sabe que teve essa importância. O outro é registrar ao
fim do dia, durante duas semanas, os bons acontecimentos. Nos dois casos ele
propõe que façamos uma avaliação de nosso nível de satisfação antes e depois do
exercício.
No
que diz respeito ao perdão, a idéia é re-significar as memórias de eventos
desagradáveis. Inicialmente precisamos entender porque nos apegamos tanto às
lembranças amargas do passado. Algumas razões apontadas começam pelo fato de
acharmos injusto perdoar. Como é possível perdoar alguém que fez mal a mim ou a
outra pessoa? Isso não seria uma forma de permitir que ela continue a fazer mal
aos outros? Ela não merece ser punida? Esse raciocínio nos leva a achar a idéia
do perdão injusta. Seria como virar cúmplice do culpado e uma falta de amor
pela vítima. O perdão impede a vingança que, nesse momento, é vista como justa
e natural.
Entretanto
o perdão leva a neutralidade. Ele quebra a retroalimentação da emoção negativa.
A saúde física de quem perdoa em geral é melhor. Uma técnica usada para ajudar
na mudança da lembrança através do perdão é o Processo REACH. Ele consiste de 5
etapas: Recordar-se da ofensa, Empatia para entender o ponto de vista do
outro, Altruísmo para tentar sobre pairar a questão,Compromisso com o perdão e Honrar a opção pelo perdão.
Resumindo,
em relação ao passado, temos 3 estratégias para aumentar a satisfação. A
primeira é abandonar a idéia de que o passado determina o futuro (intelectual),
a segunda é aumentar a gratidão (emoção) e a última é aprender a perdoar
(emoção).
Futuro
Algumas
das emoções relativas ao futuro são a fé, a confiança e a esperança. Para
qualificarmos a esperança devemos começar afastando as idéias pessimistas.
Quando outra pessoa nos faz uma acusação, geralmente conseguimos um resultado
melhor que aquele que assume a forma de auto-acusação. O problema é que temos
maior dificuldade em conseguirmos um distanciamento quando as acusações partem
de dentro. Para Seligman (2002), “nossas explicações reflexivas são, em geral,
distorções. Não passam de maus hábitos de pensamento...”. Precisamos reconhecer
estas acusações para depois tratá-las como se viessem de outra pessoa. São apenas
crenças que merecem ser checadas quanto a sua veracidade. Devemos contestar
crenças para depois por esta contestação em prática.
Primeiro, com o objetivo
de reconhecer as acusações, propõe-se as seguintes técnicas:
- Registrar 5 eventos adversos ao
longo dia e contestá-los (durante uma semana);
- O Modelo dos 5 Cês (Contrariedade, Crença, Consequências, Contestação e Capacidade).
Para
uso específico na hora da contestação, eis quatro etapas a serem seguidas:
- Evidência –
Quais as evidências para esta crença?
- Alternativas –
Entre as causas, por que se apegar a pior? Buscar as alternativas
mutáveis, específicas e não pessoais;
- Implicações –
Quais as piores possibilidades? Descatastrofizar;
- Utilidade – De que adianta insistir/ficar sofrendo? Como começar a mudar?
Presente
A
compreensão clara sobre a felicidade no presente está intimamente ligada a
nossa capacidade de distinguir lucidamente entre Prazer e Gratificação.
Prazer
No
caso dos prazeres a satisfação tem claros componentes sensoriais e fortemente
emocionais. São passageiros e envolvem pouco ou nenhum raciocínio.
Existem três
conceitos que podem contribuir para aumentar a felicidade momentânea em nossa vida:
habituação, apreciação e atenção.
A habituação estabelece que o mesmo prazer repetido
com frequência perde o efeito. Este processo de adaptação é um fato neurológico
intocável da vida. No cérebro, quanto mais redundante o evento, mais ele se
mistura a um fundo nebuloso. Aqui o fator tempo é crucial. Por isso, é
importante intercalar o prazer com períodos de tempo mais longos que geralmente
fazemos. Procurar descobrir o intervalo de tempo ideal para manter longe a
habituação e pegar a si mesmo de surpresa, é uma boa estratégia.
No
que diz respeito à apreciação, a rapidez da vida moderna e
nossa extrema preocupação com o futuro podem se insinuar de modo a empobrecer
nosso presente. Estamos sempre em busca de fazer mais em menos tempo. Para Fred
B. Bryant e Joseph Veroff, a apreciação (Savoring) é a atenção deliberada e
consciência diante da experiência do prazer. Eles propõem 5 técnicas visando à
promoção da apreciação:
- Partilhamento –
compartilhar uma experiência com outra pessoa;
- Formação
de memória – fazer uma fotografia mental
ou guardar uma lembrança concreta;
- Autocongratulação –
orgulhar-se e falar a si mesmo;
- Aguçamento
das percepções – buscar uma visão ampla do
contexto sem perder o foco nos detalhes e nas inter-relações;
- Absorção – deixar-se envolver completamente não pensando, apenas sentindo.
A
implantação da idéia da atenção começa
com a observação que a desatenção permeia muito da atividade humana. Costumamos
agir e interagir automaticamente sem pensar. Precisamos mudar de perspectiva. A
atenção redobrada ocorre muito mais quando estamos num estado de espírito de
tranquilidade do que quando se vive as experiências com pressa e preocupação
com o futuro.
Gratificação
As gratificações são atividades que gostamos muito de praticar,
mas que não são sempre acompanhadas por qualquer sensação física ou componente
sensorial. Elas têm uma duração maior que o prazer, envolvem raciocínio e
interpretação, mas não criam hábito facilmente. Talvez o maior diferencial
entre elas e o prazer esteja no fato de serem apoiadas em nossas forças e
virtudes.
A
concentração total, a suspensão da consciência e a plenitude que a gratificação
produz é que definem o gostar dessas atividades. “Na verdade, a imersão total
bloqueia a consciência, e há uma completa ausência de emoções... essa distinção
é a diferença entre a vida boa e a vida prazerosa.” (Seligman, 2002). O
pesquisador Csikszentmihaly, em seu livro A Descoberta do Fluxo (1999),
descreve o que ele chama de Flow. No Flow,
não percebemos a passagem do tempo e fazemos exatamente o que queremos
desejando que não termine nunca. Enquanto no prazer existe um consumo e uma
ausência de construção, sem investimento e sem acumulo, no Flow parece existir a construção de um
capital psicológico.
“A
crença de que podemos alcançar a gratificação por caminhos mais curtos e evitar
o exercício das forças e virtudes pessoais é uma tolice...” (Seligman, 2002).
Para entendermos o que é felicidade precisamos distinguir entre prazer e
gratificação, precisamos saber distinguir entre vida prazerosa e vida boa.
Conclusão
Um bom
percentual de nossa felicidade (40%) depende diretamente de nossa vontade. Como
vimos, dentro do uso dessa vontade, algumas ações vão levar ao prazer e outras
a gratificação. Entretanto, os prazeres costumam ser intensos e imediatos,
surgindo facilmente e indo embora de forma rápida, sem deixar realizações ou
algo construído. São mero consumo de energia. Por outro lado, as gratificações
exigem esforço e habilidade no uso de nossas forças pessoais. Embora seus
resultados sejam duradouros e conquistados a médio e longo prazo, estes são
fontes constantes de felicidade. Quanto menos atalhos procurarmos, melhor!
3ª Fórmula que
selecionamos³
Stefan
Klein, autor do best-seller “A
fórmula da Felicidade”, afirma: “Existem seis bilhões de seres humanos e seis
bilhões de caminhos que conduzem à felicidade. Só quem sabe o que é felicidade
pode encontrá-la. Portanto, cada um de nós deve encontrar a sua própria fórmula
da felicidade”.
Você já tem sua fórmula para ser
feliz?
Saiba mais em http://qualidadedevidanasempresas.blogspot.com.br
Sebastião Guimarães
guimaraes@tgtreinamento.com.br
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1. Fonte:
Espalhafatos Ano 2-Nº12-março 2013 .
2. Fonte: http://www.psimais.com/v1/artigos/a_formula_da_felicidade/a_formula_da_felicidade.html
3. Klein, Stefan – A Fórmula da Felicidade – Editora
Sextante – Rio de janeiro, 2005